Sobre o Ninjutsu

História

A história dos ninjas está intimamente ligada à história do Japão, suas guerras, suas intrigas internas, etc.

Tanto influenciou que foi necessário para cada senhor da guerra que formassem seu corpo de espionagem, um grupo de ação direta, sendo estes os ninjas.

Diziam os “antigos” que os Ninjas eram Kami (espíritos) das montanhas, outros diziam Tengu (metade homem, metade pássaro) habitantes dos bosques e das montanhas escuras do senhor Sojobo.

Uma lenda muito antiga conta que os Ronin (samurais sem classe e sem mestre) e os Yamabushi (padres nômades) encontraram refúgio com estes seres misteriosos e assim aprenderam as ciências secretas dos ninjas e obtiveram assim poderes mágicos.

Tal como escreveu Sun Tzu em “A arte da Guerra” (500 A.C.): “Um exército sem agentes secretos, é como uma pessoa sem olhos e ouvidos”.

Sobre os ninjas e suas origens, os “antigos” criaram inúmeras lendas, e com isso muito medo e mistério foi surgindo em torno dos ninjas que exploravam isso a seu favor, aproveitando a ignorância popular com a intenção de acrescentar mais mistérios e criando assim um verdadeiro caráter de medo e terror.

 

Deixando as lendas de lado, podemos encontrar e rastrear as raízes do ninjutsu nos mistérios do Tibet e tomando uma forma mais concreta na China nos templos budistas (Shao Lin), quando os monges guerreiros se dedicaram aos atos de terrorismo, resistência e espionagem durante a invasão Manchú, antes da queda da dinastia Ming e a vinda da dinastia Chin (Manchú).

 

Os manchures destruíram os templos, perseguiram e mataram quantos monges puderam, mas muitos deles fugiram para outros países levando seus conhecimentos e suas culturas a outras latitudes.

O Japão teve o privilégio de usufruir dos seus melhores frutos. Sendo uma sociedade guerrilheira, o país estava dividido em pequenos feudos que lutavam entre si para obter o poder com um Imperador tirânico e um ditador militar que recebia o nome de Xogum, este que controlava os demais Daimyos. Se tratava de um país onde o samurai podia exercer seus direitos e seu poder sobre os demais estados sociais e com isso o povo permanecia oprimido perante a injustiça Samurai, pois o mesmo tinha autorização para fazer uma pessoa provar o fio de sua katana perante a mínima provocação.

Assim um monge guerreiro com um sentido de justiça diferente e cujo código de honra estava relegado atrás de um sentido de supervivência e de um coração bondoso (ninja ko no kokoro) se constituía em um perigo para os privilégios da classe samurai, como hoje um rebelde social. O ideograma “nin” significa justamente isto: resistência, paciência, perseverança, oculto, força, escondido, poder interior. Dedicaram-se também a ajuda de vários Daimyos que desejavam uma alteração social em favor da união do Japão sob a ordenança de um Imperador forte.

Assim foram utilizados os agentes secretos e sabotadores, que agiam a favor da classe mais fraca.

Vistas as causas históricas, podemos ver claramente que com a imigração dos monges budistas chineses ao Japão durante o século VI seus conhecimentos evoluíram em seu esoterismo surgindo assim as seitas Shingon e Shugendo e os famosos Yamabushis (monges guerreiros das montanhas), enriquecido com os conhecimentos ronin e samurais que por alguma razão se refugiavam nas montanhas e lá formavam famílias.

Desde o ano de 593 se tem referências de serviços de espionagem realizados por ninjas a serviço do príncipe Shotoku Taishi. O verdadeiro ápice do ninjutsu foi durante o período Heian (795-1185). A época de ouro se deu durante o período Kamakura (1192-1333), pois durante esta época o Japão se viu submetido à ditadura militar do Xogum da época.

O poder do Ninjutsu molestou o general Oda Nobunaga, militar de grande prestígio (ano 1562), que se tornou Xogum em 1568.

Assim destruiu os templos Helzan e perseguiu todas as seitas budistas para acabar com o poder religioso. Logo decidiu destruir a comunidade Ninja da província de Iga. No dia 03 de novembro de 1581, entrou na província com 46.000 Bushins (guerreiros) contra 4.000 ninjas ao comando do Jonin (chefe ninja) Sandayu Momochi. Desenrolou-se uma batalha que durou uma semana, recebendo o nome de Tenno Iga No Ran, e acabou arrasando a resistência principal de Momochi e todo seu arredor restando um número mísero de sobreviventes.

Estes ninjas se mesclaram com o inimigo e se mimetizaram com o povo, inclusive com a própria corte de Nobunaga, desta forma se tornaram intangíveis aos problemas. Seguiu assim o governo exterminando todos os pequenos grupos ninjas por todo Império.

Outros ninjas não interviram na batalha com Nobunaga assim mantendo-se às escondidas.

Oda Nobunaga foi morto em Kyoto por um de seus rivais Mitsuhide Akemi. Pode se considerar que o ninjutsu teve uma função histórica bem explícita e não sendo considerados apenas rumores históricos.

O general Reyasu Tokugawa, braço direito de Nobunaga conseguiu o poder de Xogum em 1603, que exterminou completamente todos os rivais presentes em seus domínios (Iga).

Tokugawa havia tomado a seu serviço o Jonin Hanzo Hattori depois do ataque de Nobunaga aos domínios de Iga e com os serviços deste ninja pode alcançar o Xogunato.

Tokugawa protegeu os ninjas e tinha uma guarda pessoal formado por 300 deles. Seu castelo em Edo (Tokyo) era guardado por ninjas, seus mais fiéis e implacáveis guardas.

Naquele tempo Tokugawa conseguiu unificar o Japão instalando a paz e a ordem. Então os ninjas começaram a trabalhar como polícias e detetives que eram infiltrados por todo império formando com isso uma rede da qual era muito difícil escapar. A capacidade do ninja para atuar como agente secreto não se perdeu, reaparecendo na guerra sino-japonesa de 1895, contra a Rússia em 1905 e também na 2ª Guerra Mundial em 1945.